Apesar de todo o medo que o diagnóstico de câncer ainda causa, não é mais nenhum segredo que atualmente muitos pacientes podem entrar em remissão e viver suas vidas com boa saúde e plenitude. Ao redor do mundo, milhares de pessoas estão sobrevivendo à neoplasias que eram consideradas fatais há apenas uma década.

Que tipo de revolução ocorreu e como ela ainda está se produzindo?

Grandes avanços no tratamento do câncer ocorrem de forma cada vez mais rápida e já estão disponíveis através da combinação de modernas técnicas cirúrgicas e radioterápicas, bem como através do uso de medicações inteligentes que atuam em alvos específicos (terapias-alvo), presentes nas células cancerígenas através do uso de medicações que bloqueiam o crescimento de vasos sanguíneos tumorais (terapia antiangiogênica), bem como fármacos que desbloqueiam o sistema imunológico, permitindo que o mesmo consiga reconhecer e atacar as células tumorais. Esta última estratégia citada chama-se imunoterapia do câncer e muito merecidamente rendeu, há cerca de um mês atrás, o Prêmio Nobel de Medicina deste ano.

Junto à todas as inovações terapêuticas citadas acima, uma outra revolução também está em curso. Ela ocorre de forma mais silenciosa, porém não é menos importante! Trata-se do uso de instrumentos de avaliação clínica que nos permitem identificar de forma mais precisa o risco de complicações do tratamento, especialmente naqueles pacientes com mais de 60 anos. É importante ressaltar que este é o grupo etário com maior incidência de câncer e também onde a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, as doenças vasculares e a obesidade são mais frequentes. Nesta faixa etária, os efeitos colaterais e complicações tanto cirúrgicas, radioterápicas ou do uso de medicações anticâncer podem ser mais severos e de recuperação mais lenta.

Neste sentido, devemos ter em mente que o tratamento do câncer não deve ser planejado de forma pontual, seja por cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou imunoterapia. Trata-se na realidade de um tratamento que exige, desde o seu início, um planejamento de médio a longo prazo.

A identificação precoce de um paciente com um risco aumentado de para-efeitos permite à Equipe Médica e Multidisciplinar um melhor planejamento e otimização do tratamento, que pode incluir uma pré-habilitação que irá melhorar as condições clínicas do paciente para que o tratamento possa ser instituído com mais segurança e efetividade.

Estamos assistindo e vivendo uma época extraordinária onde ocorre uma revolução no tratamento do câncer com resultados cada vez melhores e, felizmente, à custa de cada vez menos efeitos colaterais. Existe, é claro, espaço para a descoberta de tratamentos ainda mais efetivos. Porém, o caminho à nossa frente é muito promissor!

Dr. Antonio Fabiano Ferreira Filho
Oncologista Clínico – CREMERS 18163

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